Um raro avistamento de um tubarão-da-Groenlândia foi registrado recentemente no mar do Caribe, nas proximidades de Belize. O que mais impressiona é que esse exemplar tem aproximadamente 518 anos, sendo considerado o animal vivo mais velho do planeta. Natural do Ártico, esse tubarão habita águas geladas e profundas, muito diferentes das encontradas na região onde foi visto. Especialistas levantam a hipótese de que o aquecimento global esteja por trás dessa movimentação incomum.
Espécie milenar e de difícil observação
O tubarão-da-Groenlândia, cujo nome científico é Somniosus microcephalus, é conhecido por sua lentidão e por viver em regiões inóspitas e frias do oceano Ártico. Por isso, é uma das espécies de tubarão menos estudadas do mundo. Estima-se que esses animais possam viver, em média, 400 anos, o que já os torna os vertebrados mais longevos da Terra — superando em muito a tartaruga-gigante, considerada a espécie terrestre mais longeva.
O exemplar avistado pode ter ultrapassado a marca dos 500 anos, um feito que fascina a comunidade científica. De acordo com estudos, esses tubarões demoram cerca de 150 anos para atingir a maturidade sexual, o que indica um metabolismo extremamente lento.
Gigante dos mares e adaptado ao frio
Essa espécie também impressiona pelo tamanho. Um tubarão-da-Groenlândia pode alcançar até 6,4 metros de comprimento e pesar cerca de mil quilos, rivalizando em porte com o temido tubarão-branco. Apesar de seu tamanho, o animal é considerado inofensivo aos humanos. Lendas antigas falam sobre ataques a caiaques, mas não há registros concretos que confirmem episódios agressivos envolvendo essa espécie.
Além disso, encontros com esses animais são extremamente raros. A primeira filmagem de um tubarão-da-Groenlândia só foi realizada em 1995. Um vídeo mostrando o animal em seu habitat natural só foi conseguido quase duas décadas depois, evidenciando a dificuldade de estudá-los.
Comportamento pode estar mudando com o clima
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), responsáveis pelo avistamento mais recente, levantam a hipótese de que o aquecimento das águas oceânicas esteja alterando os padrões migratórios do tubarão-da-Groenlândia. A espécie prefere temperaturas entre -1°C e 10°C e costuma migrar em busca de regiões mais frias conforme as estações mudam. No entanto, o aumento geral das temperaturas pode estar forçando os animais a se aventurarem por áreas fora do seu habitat original.
Outro dado curioso é que a carne desse tubarão é tóxica para humanos. Por conter óxido de trimetilamina (TMAO), substância que ajuda o animal a sobreviver em ambientes com alta pressão e temperaturas muito baixas, o consumo de sua carne pode causar sintomas semelhantes à intoxicação grave.
Preservação em tempos de mudanças climáticas
O avistamento desse exemplar tão distante do seu habitat natural levanta preocupações entre os cientistas. Além de ser uma espécie ameaçada pelo aquecimento global, o tubarão-da-Groenlândia representa uma oportunidade valiosa para compreender a longevidade e a adaptação dos seres vivos às condições extremas. Sua presença no Caribe serve como um alerta sobre os efeitos crescentes das mudanças climáticas nos ecossistemas marinhos.